Cachaça e o Acordo Mercosul-UE: oportunidade para crescer com estratégia
- brunovideira
- 6 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Cachaça ganha destaque no acordo comercial Mercosul-União Europeia
O recente acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, anunciado em Montevidéu, marca um momento histórico para as relações comerciais entre os dois blocos e traz benefícios significativos para a cachaça brasileira. Com o reconhecimento da Indicação Geográfica (IG) da cachaça pelo mercado europeu, a bebida nacional ganha proteção e oportunidades para ampliar sua presença em um dos maiores mercados de destilados do mundo.

O que muda com o reconhecimento da cachaça?
A partir do acordo, a denominação "Cachaça" será protegida nos 27 países da União Europeia, assegurando que apenas produtos fabricados no Brasil poderão utilizá-la. Essa medida amplia os esforços de promoção da bebida e fortalece sua posição no mercado internacional. Antes, essa proteção existia apenas nos Estados Unidos, Colômbia, México e Chile.
Em 2018, as exportações de cachaça para a União Europeia somaram cerca de US$ 7,84 milhões, valor considerado modesto frente ao potencial do mercado europeu, que importou US$ 1,22 bilhão em bebidas à base de cana-de-açúcar no mesmo período. Com as novas condições comerciais, espera-se um aumento expressivo das vendas.

"O reconhecimento da cachaça pelos países da União Europeia é um passo gigantesco para consolidar a qualidade e a autenticidade da nossa bebida. No entanto, exportar não é uma jornada simples. Os produtores precisam se preparar, e o papel de agências como a Apex e a orientação do Sebrae será fundamental para estruturar estratégias e superar desafios nesse processo," afirma Bruno Videira, fundador da Viva Cachaça.
Indicações Geográficas: um passaporte de qualidade
O acordo também abrange o reconhecimento de outras IGs brasileiras, como o Café Alta Mogiana, Queijo Canastra e Cachaça de Salinas. Esse reconhecimento reforça a valorização de produtos com características únicas devido ao meio geográfico e ao processo de fabricação. No caso da cachaça, a IG é fundamental para garantir a autenticidade e a origem do produto, destacando aspectos como tradição, clima e saber-fazer local.
"A oportunidade de exportar para o mercado europeu é valiosa, mas é essencial ter tudo na ponta do lápis. Muitos acreditam que basta enviar a cachaça para fora e que, automaticamente, começarão a ‘ganhar em euro’. O trabalho de apresentar a marca, se posicionar em diferentes mercados, com línguas e culturas distintas, exige um investimento significativo," alerta Videira.
Ele complementa: "Uma estratégia eficaz pode ser sair do ‘local para o global’. Sua cachaça já está presente nos bares e restaurantes da sua cidade? É conhecida e recomendada na sua região? Consolidar a marca no quintal de casa pode dar o fôlego necessário para crescer de forma sustentável e, posteriormente, conquistar mercados como o europeu, que são exigentes e muito promissores."
Um mercado promissor

A União Europeia é o maior importador de destilados no mundo e representa um mercado consumidor de mais de 700 milhões de pessoas. Além disso, o bloco é o principal parceiro comercial do Mercosul, com trocas que ultrapassaram US$ 90 bilhões em 2018. A redução de tarifas e a proteção à cachaça podem transformar a bebida em um símbolo de exportação brasileira, ampliando sua competitividade frente a outros destilados globais.
Próximos passos
Embora o texto integral do acordo ainda não tenha sido divulgado, as informações confirmadas estavam previstas nas negociações anteriores. A parceria Mercosul-UE é vista como uma das maiores alianças econômicas do mundo, integrando economias com um Produto Interno Bruto combinado de cerca de US$ 22 trilhões.
Para o setor de cachaça, o reconhecimento internacional e a abertura de mercados representam um avanço histórico, consolidando a bebida como um patrimônio nacional com potencial global.
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